A Natureza Sem Fronteiras

A criança é um ser em processo de completude social. Ela nasce completa em suas potencialidades que serão despertas na interação social, com o meio.   Maria Montessori.

Alguns anos de pesquisa na Itália, sobre o primeiro segmento do ensino fundamental, me comprovaram uma triste realidade: a criança italiana aprende na escola mais, e melhor, sobre os recursos naturais do Brasil (e da América do Sul) do que nossas crianças brasileiras. Estas recebem poucos ensinamentos sobre nossa exuberante fauna e flora, gerando consequências sócio-político-econômicas graves. Daí que para os filhos saberem mais sobre as riquezas naturais de sua pátria, os pais precisam comprar livros extras, geralmente caros, ou levá-los a teatros, ou outras atividades interessantes. que exigem tempo livre e dinheiro. Tudo isso acaba por prejudicar o aprendizado ideal que viria do ensino fundamental.

A realidade italiana é diferente: os escolares aprendem gratuitamente na própria escola básica - pertinho de casa - sem exigir mais tempo nem tampouco mais dinheiro dos genitores. Ideal!

Precisamos mudar essa realidade brasileira e multiplicar estímulos, facilitando o acesso ao estudo e pesquisa de nossa natureza aos nossos pequenos para, num futuro próximo, rompermos com o estereótipo brasileiro de “ignorantes da grandiosa riqueza que possuem”. 

Por que o projeto é voltado para as crianças?

O período infantil é a fase da vida de grande criatividade no qual a mente absorve, como uma esponja, as características do meio que a circunda, apropriando-se de MODO NATURAL E ESPONTÂNEO. E' um mundo de fantasia a mais das vezes incompreendida pelo mundo pragmático do adulto, criando uma (falsa) dicotomia - uma barreira - dificultando o “encontro” que eu chamo de: “momento do diálogo de energias”, entre a criança e o adulto.

ECA – Estatuto da Criança e do Adolescente           

          Art. 58 – No processo educacional respeitar-se-ão os valores culturais, artísticos e históricos próprios do contexto social da criança e do adolescente, garantindo-se a estes a liberdade da criação e o acesso às fontes de cultura. (grifo nosso).

Onde e como se realiza o projeto?

Ele vai onde ninguém vai; nas escolas no meio do mato. Não obstante, encontramos crianças “brilhantes”, com esperança no futuro, iguais a todas no mundo inteiro.

Primeiro; a contaçao de historia, depois um debate, uma oficina de arte, uma palestra para o corpo docente, explicando o projeto que eles devem continuar com os alunos, e por ultimo - mas nao menos importante - o intercambio das artes das crianças nos dois continentes. 

Observação: Diante da realidade local fazemos alterações no programa para “driblar” as dificuldades que limitam a realização do trabalho. Por exemplo: algumas escolas não possuem uma área livre comum para reunir grupos maiores: então fazemos a contação e a oficina repetidas vezes, em pequenos grupos, para manter a qualidade da prática pedagógica e atingir a consequência psicológica que queremos.

Outra dificuldade é a linha do (único) ônibus que termina distante de certas escolas por não ter estrada segura. E' necessário (e muito bem-vindo), o apoio da Secretaria de Educação local que disponibilize um carro e motorista para quase todo o tempo do projeto.

Não obstante tudo, o trabalho é gratificante, porque as crianças estão sempre disponiveis a aprender o que lhes for ensinado com afinco: "seja para o bem ou mal" (eis o perigo da lacuna na educaçao!) 

Essa consciência é que me impulsiona a continuar com o projeto apesar de todas dificuldades. Já realizamos, com recursos próprios, em quase 100 escolas do primeiro segmento, da zona rural e urbana de dois estados brasileiros: RJ e SC. Agora precisamos fazer mais. Estender para mais Estados e atingir mais e mais crianças, porque elas serão a segurança futura de nossa nação.

Ensinando-as a amar, amarão. Mas é preciso ensiná-las.

Eu quero! 

Ajudem-me... lhe custará pouco.