Ajudar minha filha

Oi, eu me chamo Silvana e vou contar para vocês o motivo de eu estar aqui hoje.
Ontem eu fui ao dentista para fazer uma cirurgia que é bem complicada, pois tenho um caroço calcificado na boca que dificulta a minha deglutição. Fui para casa e, quando passaram duas horas desde que eu havia chegado, recebi uma mensagem de uma advogada dizendo que eu tinha ganho o meu processo de fibromialgia. Eu fiquei toda empolgada, porque estou precisando de medicação para a fibromialgia e não tenho condições de comprar agora, além da medicação do tratamento da cirurgia que estou fazendo.

Pois bem, eles pediram para checar a minha conta bancária, então pedi para minha filha caçula falar por mim, porque eu tinha recém-operado. Eles fizeram uma videochamada pelo WhatsApp e pediram para compartilhar a tela para verificar se minha conta bancária estava apta a receber o dinheiro. Quando viram que eu não tinha dinheiro e que não conseguiria fazer empréstimos, disseram que minha conta não estava apta a receber. Como eu acreditava que iria receber minha aposentadoria, pedi para tentarem com a conta da minha filha caçula, e o mesmo aconteceu com ela, pois também não tinha saldo.

Ainda acreditando que iria receber a aposentadoria, tentei pela conta do meu marido. Eu já havia mandado mensagem para minha filha mais velha, que mora na Austrália, mas não sabia a que horas ela iria responder, pois o fuso horário é diferente. Quando meu marido saiu do banheiro e viu a cena de eu tentando usar a conta dele, perguntou o que estava acontecendo. Então contei a ele, e ele rapidamente me disse que era golpe.

Infelizmente, quando consegui falar com minha filha mais velha, já era tarde demais. Ela tentou entrar em contato conosco, mas como não obteve resposta, mesmo achando que tinha algo de errado, acabou se submetendo ao golpe. Por estar longe e sem condições de ajudar, pensou que essa seria uma forma de me ajudar. Ela se preocupa muito comigo; sempre que pode, me manda um dinheiro — não é muito, mas sempre ajuda.

Enfim, eles roubaram dela R$ 22.270, entre o dinheiro que ela tinha guardado e o empréstimo que eles a induziram a fazer, dizendo que era para checar todas as formas de pagamento, caso contrário não conseguiriam depositar o dinheiro. Ela mora na Austrália tentando ter qualidade de vida, e esse dinheiro era para ajudar na renovação do visto dela no ano que vem. Ela não pode contar para o marido o que aconteceu, porque ele já está carregando um fardo muito pesado e tem passado por muitas decepções. Ela quer poupá-lo, pois se sente muito culpada pelo que aconteceu. Desde que chegaram lá, só têm passado por provações; as coisas não têm sido fáceis para ela e o marido. Eles estão correndo atrás da cidadania australiana e o caminho tem sido árduo e cheio de obstáculos, mas continuam lutando por esse sonho.

Ela é uma boa filha, amorosa. Tenho muito orgulho dela. Sempre me ajuda, sempre pensa na família — na verdade, sempre pensa primeiro nos outros e depois nela mesma.

Então, hoje venho aqui não por mim, mas por ela: pedir ajuda para apoiar a pessoa que sempre se preocupou e sempre se dispôs a ajudar os outros. Também me sinto culpada pelo que aconteceu, e essa foi a única forma que encontrei de ajudar no momento.

Desde já agradeço a ajuda de cada um de vocês. Que Deus dê em dobro.