Meu nome é Marina Arantes (31) e este é meu irmão mais novo, Eduardo (28). Até o início deste ano, o Eduardo morava com minha mãe e os dois contam com a minha ajuda e da minha avó, já idosa (82).
Minha mãe, Tereza (62), faleceu na última terça-feira, dia 31/01/2023.
Desde que meu pai faleceu em 2012, já enfrentávamos grandes dificuldades. Agora, outras ainda maiores estão por vir.
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Minha mãe foi diagnosticada com depressão desde a morte do meu pai, estava na fila do SUS como candidata à cirurgia de ponte de safena e também sofria de pressão alta. Em 2020, ela sofreu uma queda e um mau súbito e teve um AVC. Desde então, as sequelas só aumentaram. Em janeiro deste ano, ela foi agredida pelo meu irmão e teve ferimentos graves e sequelas do AVC agravadas. Deste então, cuidei dela, na minha própria casa, tendo que carregá-la, pois já não andava mais, dar banhos, levar ao banheiro e trocar fraldas. Enquanto isso, o Dudu ficou sob os cuidados da minha avó, sem que recorrêssemos a qualquer serviço de assistência para ele e sempre temendo o risco de que ele pudesse ficar mais agressivo novamente.
Meu irmão foi diagnosticado com esquizofrenia e transtorno do espectro autista aos 14 anos e, muito antes disso, minha mãe e meu pai lutavam por um diagnóstico e tratamento. Por vezes, o Dudu fica agressivo e com dificuldades para dormir. Por anos, tentamos vários serviços de apoio, mas não nos restou nada que pudesse atender às necessidades do meu irmão e, atualmente, ele não é aceito em programas ou casas de apoio. Ou seja, há 14 anos, meu irmão passa todo o dia em casa, não se socializa, não interage com quaisquer atividades ou tecnologias, como computadores, video games e celulares. O Eduardo não pode sair sozinho na rua ou ficar sozinho em casa, pois tememos que ele faça algo contra si mesmo.
Diante de tudo isso, minha mãe sempre esteve com ele e, agora, ele estará sobre os meus cuidados.