Antropofrei

       A Cia. Nada Pensativo  

    Vinda ao mundo em fevereiro de 2014 através do blog poético (www.nadapensativo.wordpress.com) de postagens diárias, e pelas mãos de quatro amigos que, procurando lirismo nos espaços da rotina, encontrariam um veículo que viria dar vazão à arte que existia neles. A Cia. Nada Pensativo já continha o blog, mas ainda pairava aquela sensação de que faltava algo, que ainda tínhamos fome de arte. Queríamos mais linguagens artísticas, mais vazão ao que os pensativos queriam comunicar, mais pluralidade.

    A transposição do material lírico do blog para um texto dramático, futuramente batizado de Anamnese, foi o primeiro passo. Mais tarde, outros amigos vieram nos apoiar e com a adesão de quatro músicos, atores, e uma equipe de produção que incluía artistas visuais e dançarinos, começávamos a vislumbrar esse algo mais que buscávamos, dando início ao processo de montagem de Anamnese.

     Paralelamente ao processo, em agosto de 2014 acontecia a primeira performance pública da Cia: Futurice (Des)humana, escrita por Rafael Abrahão. A performance aconteceu na 69ª edição da Quinta Poética, evento mensal da Casa das Rosas e no bar Bambolina durante o Sarau Estravaganza Cultural.

    Nesse interim esbarramos com um novo parceiro. A Verve Galeria nos abriria as portas para que a habitássemos com nossa poesia em linguagens com as quais a galeria não estava habituada. Dessa parceria nasceram os Sábados Pensativos, onde (a)presentavamos em todo primeiro sábado do mês. No total, aconteceram cinco Sábados, com os temas: Corpus, Cromo, Aqua, Vício e Fauna , que marcou o último Sábado Pensativo, em junho de 2015.

    O processo de Anamnese tinha encontrado um fim e, com os patrocínios da Arqmate, Small World e Ttwice Educação Bilíngue, nosso desejo de estar em temporada pôde ser realizado. Entramos em cena em agosto e setembro de 2015, no teatro Pequeno Ato, com o texto Anamnese transposto a partir das poesias de Arthur Rizzo, Bruno Panhoca (Pedro Barreira), Rafael Abrahão e Viale de Lara. A direção ficou por conta de Rafael Abrahão, com atuação de Angelo Aleixo, Lucas Riccardi, Raul Moraes e Tathianne Yates; e com trilha sonora original composta por Pedro Palma. A peça também foi apresentada, gratuitamente, na Semana de Artes Cênicas do Instituto de Artes da Unesp, organizada pelos e para os alunos do instituto.

    Ao final de 2015, iniciamos o processo de pesquisa teórica, e encontros de gabinete que viriam embasar o próximo projeto da Cia. : Antropofrei.

        Antropofrei

Cidade ÁridaRua mera passagem
Olhares efêmeros
Relações líquidas
Organismos secos.
Nó na garganta
Na avenida paulista sentido paraíso
Ouve-se um grito à esquerda
Frei à-borda Caneca trans-borda.
De dia gravatas rezam ao capital
De noite escapam filas a falos
Sampã pã pã Pan
Pangeia cultural
Brota uma flor no asfalto
Primavera
Antropofrei.

    Da Grécia ao Pindorama. Do Pindorama a São Paulo cosmopolita. Dionísio está entre as figuras que habitam a Frei Caneca. Um carroceiro surge com sua carroça, com seu ganha-pão, com seu carro alegórico. Das realidades visíveis e invisíveis, a ocupação artística teatral da Cia. Nada Pensativo torna evidentes os conflitos entre tempos. Os valores estão em constante digestão e a rua que carrega o nome do frei carmelita encontra-se no limiar entre o sagrado e o profano, o tabu e o totem. A carroça abre caminho a um coro de bacantes pensativas, que devoram e são devoradas pelo espaço urbano. Desse coro nascem os corifeus que comporão cênica e musicalmente um espetáculo que celebra o Ser Brasileiro em sua antropofagia.

Estrearemos no dia 25 de setembro e pretendemos ficar em temporada até o dia 4 de dezembro de 2016. Genêro: Tragicomédia Épica.

     Antropofrei tem por início o objetivo de ocupar artisticamente, resgatar a memória e a identidade de espaços na cidade têm, além da função estética, uma função urbana. Em meio às possíveis ruas a serem ocupadas com arte na cidade de São Paulo, residência dos integrantes da Cia., nos deparamos com a Rua Frei Caneca e o potencial artístico contido nela. Espaço de contrastes, onde convivem pessoas em situação de rua e proprietários de imóveis num dos endereços mais caros da cidade. Via que também é reconhecida popularmente como ícone da visibilidade LGBT, situada em uma cidade que é palco de de 312 mortes associadas à homo e transfobia em 2013. Rua que, mesmo fazendo esquina com a Avenida Paulista, pano de fundo para diversos artistas de rua, não é tão contemplada artisticamente quanto a sua transversal, embora contenha tanto potencial artístico em seu perímetro.

    Antropofrei surge, portanto, como um instrumento de destruição de tabus uma forma de ocupação desse espaço urbano; resgate da memória e identidade da Rua e do frei homônimo; aproximação da reflexão poética e política à causa LGBT e a provocação de discussões sobre gênero e sexualidade, relações familiares, intolerância religiosa e a situação política atual.

        Financiamento

    A quantia arrecadada pela plataforma Kickante será revertifa na contrução de nosso cenário e figurinos. Não pedimos aqui o orçamento total do projeto. Mas um pontapé incicial! Contamos com a ajuda de vocês

        Ficha técnica

Direção:  Rafael Abrahão, Raul Moraes

Direção Musical: Carol Consalter, Juliana Gotz

Produção: Arthur Rizzo, Bruno Panhoca, Rafael Abrahão, Raul Moraes e Vitor Marques

Elenco: Angelo Aleixo, Bruno Panhoca, Caio Megiato, Carol Consalter, Caroline Calzone, Gustavo Auricchio, Heri Brandino, Juliana Gotz, Rafael Abrahão, Rafael Pinheiro, Raul Moraes, Sofia Riccardi, Vitor Marques, Vitória Fava

Figurino: César Dante

Cenário: Gabriel Lisboa, Vitória Fava

Comunicação: Bruno Panhoca, Caio Megiato, Gabriel Zanelato, Luisa Cento, Nicole Macedo, Vitória Fava