Artista LGBT do interior do Goiás na Alemanha

Minha trajetória não tem sido fácil e ainda não será, passei no Mestrado na mais importante Escola de Arte da História, numa seleção com 20 projetos do mundo todo, o meu foi aceito e preciso de ajuda para conseguir ir. Sair de uma cidade pequena com acesso limitado à cultura, adentrar a Universidade, o mundo difícil das Artes e da Pesquisa Científica foi um desafio, mas não me deixei abater. Fui presidente do Grêmio de Artes Visuais, pesquisador pelo CNPq por dois anos consecutivos, expus em São Paulo, Espírito Santo, Rio Grande do Sul, Goiás e diversas vezes no Distrito Federal sempre carregando comigo meu Goiás e minha causa. Ser goiano do interior na Bauhaus vai ser só mais um desafio.

Precisamos ter LGBT em todos os espaços institucionais: discentes e docentes nas Universidades e Escolas; fiéis na Igreja; pessoas produzindo Arte; constituindo família. Precisamos invadir esses espaços que nos expulsam todos os dias. Vivemos em um cenário de extrema repressão a nossos direitos, mas, em reação, também vemos representantes bastante ativos na Arte. As opiniões reacionárias acham que tão colocando barreira em nós, mas mal sabem eles que, com graça e elegância, quebramos essas barreiras tijolo por tijolo, com maquiagem intacta e salto alto, e sabemos dar a volta por cima. 

Minha Arte vem, portanto, para explorar um espaço tão sexista e binário que é o Mundo Sertanejo. A dolorida censura ao Queermuseu, o assassinato da minha amiga artista Matheusa Passareli, só me fizeram ser mais forte para acreditar no meu andar como ferramenta política e artística. A arte é traiçoeira, ela usa da repressão para ser mais forte. E pretendo trazer e trabalhar essas discussões sobre LGBTfobia na Alemanha e trazer aqui para nos fortalecermos no Brasil.

Espero, então, arrecadar o suficiente até eu conseguir um emprego e deslanchar. De Formosa, Goiás, pro mundo!