AVESSO: apoie para esse livro acontecer

AVESSO tem uma história peculiar. Foi escrito há quinze anos atrás, eu tinha então sessenta anos. Logo depois de terminado, meu marido, Geraldo, veio a falecer inesperadamente e, com o choque da perda, esqueci-me por completo do livro. Foi como um apagão, minha inspiração se desfez entre medos e preocupações. 

Com a viuvez minhas condições de vida mudaram. Precisei vender meu apartamento em Copacabana, me mudei para a Gávea e o livro seguiu perdido sem que eu desse por falta dele.

Seguindo sorumbática pela vida,de repente, comecei a levar tombos.Trombava com gente, bicho, poste, cadeira, com o que quer que estivesse à minha frente. Perdi o freio, literalmente. Era Mr. Parkinson chegando. Não precisaria nem dizer que minha vida virou de ponta cabeça. Cadeira de rodas, acompanhante dia e noite, tombos dos mais diversos feitios, de costas, de frente, de lado, dinheiro pouco, despesas muitas.

Durante todo esse tempo não escrevi uma linha sequer. Foi um longo luto que só consegui superar muito recentemente e, por incrível que pareça, quando ganhei de presente um novo celular, desses que fazem de tudo. Comecei então a me comunicar com amigos, família e conhecidos pelo WhatsApp, e daí para o Facebook, foi um pulo. A receptividade das pessoas, suas curtidas e comentários, me incentivaram a prosseguir e, assim, fui recuperando a alegria de escrever.

Animada com as mudanças, resolvi arrumar a casa e, entre caixas e pastas empoeiradas, bugigangas várias, encontrei meu antigo, novo livro, Avesso.

Quando comecei a ler não queria acreditar. Como essa parte tão preciosa de mim ficou esquecida por tanto tempo? 

Avesso trás o meu olhar e sentir do mundo.  Falo de afetos, de amigos, de meus parceiros de Filosofia, das leituras que fiz, dos filmes que assisti, de minha família, mas sobretudo de mim. Acredito que seja um livro enriquecedor para qualquer pessoa e, em especial, para aqueles que ainda não descobriram o potencial transformador da arte.