Biografia de Modesto da Silveira

Tenho uma amiga que pensou em fazer Direito, mas não fez porque tinha a ideia de que para ser advogado é preciso receber propina. Uma visão que entristece a mim, particularmente, pois conheci muitos advogados honrados. Perguntei a ela se conhecia a história de Modesto da Silveira, que, tanto na política quanto no Direito, construiu sua carreira de forma honesta, muitas vezes advogando de graça para presos políticos, e alcançou sucesso profissional de tal maneira que hoje dá nome ao salão nobre da OAB-RJ. Ela disse que não.

E não me espanto. Afinal, o pequeno verbete da Wikipedia que existe sobre ele fui eu que fiz, em 2016, logo após seu falecimento. Assim como fiz, na mesma época, uma página em homenagem a ele no Facebook, chamada "Modesto modo de vida", ilustrada com caricaturas do Modesto que pedi ao Renato Aroeira para fazer. 

Agora, mais do que um verbete ou uma página virtual, quero escrever um livro, no qual pretendo contar as várias faces desse homem de doçura ímpar, que tive o privilégio de conhecer, primeiro como meu entrevistado e fonte para matérias jornalísticas, depois frequentando sua casa. 

Uma das entrevistas que Modesto me concedeu está no livro "O problema é ter medo do medo - O que o medo da ditadura tem a dizer à democracia", o qual reúne 26 entrevistas de pessoas que, de diversas formas, enfrentaram a ditadura militar. Foi meu primeiro livro-reportagem e Modesto me ajudou a concebê-lo, não só com sua entrevista, mas de todas as maneiras possíveis, inclusive participando de vários eventos de lançamento.

Costumo dizer que o Brasil é um país de histórias não contadas. A do Modesto é uma dessas. É bem menos conhecida do que precisaria para servir de inspiração. Num país que nega seu passado, destrói seu presente e desesperança o futuro, acredito, piamente, que contar trajetórias como a de Modesto da Silveira e a de Pedro Casaldáliga (personagem sobre o qual escrevi o livro "Um bispo contra todas as cercas", já lançado em português, espanhol e catalão) é o pedaço que me cabe na revolução. 

Esta campanha visa arrecadar fundos para a produção do livro sobre Modesto. Tenho a estimativa de fazê-lo em um período de 3 a 4 anos, tempo que levei para fazer a biografia de Pedro Casaldáliga. Viagens para entrevistar pessoas, telefonemas interurbanos, materiais diversos, como gravadores e máquinas fotográficas.... Tudo isso tem um custo. Além disso, preciso me dedicar ao projeto. Vamos juntos?