Daian Schmitt - Contra a Máquina!

Contra a Máquina!

Contra a Máquina é o meu quarto trabalho autoral e o primeiro a ser inserido no financiamento coletivo. Venho desenvolvendo a minha carreira artística desde de 2001, quando, jovem e ávido por compor, comecei a me apresentar em botecos, na então cidade do Chopp, Blumenau, Santa Catarina. Esta cidade provinciana e voltada para o trabalho foi a força motriz que impulsionou artistas como eu na construção de suas obras. De fato, uma cidade cinza. Mas também uma cidade de lutas. No ano seguinte, em 2002, reunido a outros artistas, compositores e músicos, fundamos o MPBLU – Movimento da Música e Poesia Blumenauense, que viria a se tornar um movimento em apoio à música autoral em nossa cidade. Um movimento de baixo para cima, feito por artistas sem o aparelhamento do Estado. Passamos três anos nessa batalha. Fruto desse processo, nasceu meu primeiro disco, em 2007, minha primeira experiência em estúdio. O álbum homônimo foi lançado em março de 2008, de forma independente.

​Em qualquer cidade, não importa onde, as dificuldades e os percalços da cena artística tendem a ser relativamente parecidas. Aqui no meu Estado, até hoje, não contamos com um circuito regular de bares que reservem datas em finais de semana para apresentações de música autoral (nem mesmo durante a semana, na verdade). Existe, sim, a inciativa isolada de algumas poucas casas que são receptivas a esse tipo de proposta. Porém, para que uma cena consistente possa ser criada e mantida, algumas casas não são o suficiente. Parece um papo derrotista e chato, mas é justamente nesses combates que eu me fortaleço e sigo adiante.

Em março de 2011, lancei meu segundo trabalho, intitulado Virtual. O disco foi financiado – em partes -  pelo Fundo Municipal de Apoio à Cultura. Digo em partes porque, apesar do orçamento enxuto, apenas metade do valor do projeto original foi custeado pelo fundo. Ainda assim consegui concluir o disco, financiando do meu próprio bolso o restante do valor.

No fim do ano de 2013, em dezembro, lancei meu terceiro trabalho, Noturno. Também de forma independente. Não cheguei a prensar disco físico dessa vez, apenas disponibilizei as músicas para download em meu site. Segui o caminho da independência, de fato. Comprei uma placa de captação de áudio e gravei praticamente o disco todo no meu quarto, com exceção da bateria e do baixo, gravados em estúdio. Assim como os meus trabalhos anteriores, Noturno foi produzido por mim.

Durante as gravações do disco Virtual, conheci Marcio Dias, produtor local e dono do MD Estúdio. Com o passar do tempo, fomos estreitando nosso relacionamento e amizade, até que um dia ele demonstrou interesse em produzir um disco meu. De pronto fiquei lisonjeado, pois conheço e admiro demais esse cara. Entretanto, abrir mão da produção do meu próprio trabalho era algo que me deixava desconfortável. Acabei aceitando o convite, deixei meu ego de lado e apresentei uma seleção de vinte músicas para começarmos a pré-produção do que virá a ser o álbum Contra a Máquina. Destas, escolhemos quatorze, para, ao fim, trabalharmos com apenas dez. Mas gostamos tanto do resultado da pré-produção que acabamos mantendo as quatorze.

Contra a Máquina é, sem dúvidas, o melhor trabalho que realizei até o momento. É um disco provocador, contra a onda. De letras intensas, arranjos equilibrados e músicos talentosíssimos. Um trabalho que, de fato, vai marcar a minha carreira.