Enquanto Durmo

ENQUANTO DURMO, romance de estréia do escritor Pedro Henrike Bueno, será publicado pela Editora Chiado (Portugal) em março de 2018. Colabore com nossa campanha e garanta desde já o seu exemplar AUTOGRAFADO.

EM BUSCA DE UMA POSSÍVEL FELICIDADE                    Por Manoel Cardoso.

Surpreendi-me com a muito boa qualidade do trabalho de ficção, ENQUANTO DURMO, narrativa que me “segurou” de começo ao fim, em que se retratam as  pequenas/grandes tragédias de nossos tempos, tão comuns em nossos Brasis e nos continentes marcados pelas desigualdades.

Seu texto, versado num vernáculo perfeito, com registros diferentes, a expressão culta do narrador, e a mais rústica do homem sem quase nenhuma escolaridade, apoia no drama vivido principalmente por três jovens, com suas carências no espaço familiar e afetivo, e com adultos quase brutos, o que desencadeia todo o drama do romance.

Trata-se de uma obra dinâmica, ambientada no interior, num vilarejo, inicialmente, e depois numa cidade grande, cujos problemas humanos vão se tornando insolúveis. Os protagonistas, João, Maria Clara e Pedro, experimentam, desde cedo, desditas familiares e fogem do ambiente até acolhedor em que viviam, em relação ao meio natural, e se envolvem na podridão de uma urbe que trata o menor e o dependente químico pior do que o faria com irracionais. Aí, os garotos se degradam, perdem a dignidade e afundam no atoleiro dos vícios (droga e sexo), menos um deles, Pedro, que retorna ao ambiente familiar primitivo, confessando-se aos pais, condição favorável ao perdão. João e Maria Clara contaminam-se pelos vícios, ele é morto por um dos chefes do tráfico de droga e ela busca a saída na prostituição.

A narrativa algumas vezes dialoga com o mundo da poesia, quer nas descrições, quer na descoberta de uma ave, um pombo, em meio a um mundo degradado, como a criar pequeno parêntese de leveza. E, ao narrar a agonia de João, o narrador dinamiza a linguagem, como a registrar os entrecortados suspiros do pequeno anti-herói em sua despedida da vida terrena.

Pedro Henrike Bueno tem domínio total do vernáculo (ortografia, concordância, regência, pontuação) e meu trabalho se limitou ao deleite em acompanhar o fluxo narrativo e me tornar partidário dos personagens em sua busca de uma possível felicidade, não facultada pela realidade encontrada.   

                                                                                                             Manoel Cardoso

                                                                                                              Professor, escritor.