Estruturação da Feira Livre de Patrimônio da Penha

A Feira Livre de Patrimônio da Penha, espaço de troca e interações socioculturais, acontece no vilarejo de mesmo nome, no município de Divino de São Lourenço, ES, há exatos 5 anos. A estrutura de um singelo e típico coreto, localizado na recém construída pracinha da rua principal, é o cenário desse encontro semanal de nativos, cativos e turistas dessa humilde comunidade rural de 400 habitantes, situado às margens do Parque Nacional do Caparaó. Esse espaço, emoldurado também pela resiliente mata atlântica e pelas montanhas e cachoeiras do Portal do Céu, vem possibilitando, além da geração de renda, interações das mais variadas ordens no campo cultural, seja através da capoeira, do teatro, literatura, da música, da cultura indígena, etc.) e participando no fortalecimento dos elos comunitários em torno da percepção do papel ativo e atuante de cada um no processo de construção de formas de viver cada vez mais solidária, justa e criativa.

 Encontro s/ Plantas Medicinais e Qualidade de Vida, janeiro 2015.

O município de Divino de São Lourenço, localizado na mesorregião Sul Espírito-Santense, a 690 metros de altitude, faz parte dos onze municípios (sete capixabas e quatro mineiros), pertencentes à área de abrangência do Parque Nacional do Caparaó. Com população inferior a cinco mil habitantes, o município está entre os de menor IDH (0,632 médio PNUD/2010 ^[4]) do Espírito Santo e, apesar do contraste oferecido pela histórica devastação ambiental; que ainda se mantêm através das monoculturas de café, eucalipto e pastagens, abrange a maior reserva de Mata Atlântica da Serra do Caparaó.

Tendo como principal atividade econômica a agropecuária, focada principalmente no tradicional dueto “café com leite”, a região vem acompanhando significativo desenvolvimento do turismo, em função dos seus encantos naturais possibilitado pela presença da floresta, do complexo de montanhas e pelas inúmeras cachoeiras cristalinas distribuídas por todo o vale e, principalmente, pela criação da Portal de Acesso ao Pico da Bandeira, no distrido de Pedra Menina, Dores do Rio Preto.

O pequeno vilarejo de Patrimônio da Penha, que há 100 anos recebeu a primeira leva de habitantes, descendentes dos originários Puris, vem, nos últimos 25 anos, acompanhando um movimento cada vez mais crescente de pessoas oriundas de outras regiões, que se transferem para o local, em busca de uma vida mais simples e de um maior contato com a natureza. Dispostos pela vila e no seu entorno, em pequenos espaços agrícolas, no geral são pessoas que buscam formas alternativas de viver, às margens do sistema capitalista e que fazem do cultivo da terra e do fortalecimento das relações comunitárias os principais focos de sua existência, tendo também o artesanato e o turismo como coadjuvantes no processo de troca.

A Feira Livre de Patrimônio da Penha oferece o espaço semanal de trocas entre os diferentes atores desse processo, nativos, alternativos (ainda chamados de hippies pelos nativos) e turistas. Funcionando de forma totalmente precária, sem as estruturas mínimas, como barracas apropriadas para exposição, entre outras, vem sobrevivendo às custas de muita resistência e boa vontade.  Apesar de pequenas iniciativas para conseguir apoio para a estruturação básica do movimento, através dos órgãos públicos competentes, a feira se desenrola em cima e ao redor do lado de fora do pequeno coreto, exposta às intempéries do tempo e do perigo que o crescente trafégo da rua principal oferece, situação resultante do descaso do poder público e, infelizmente, da ainda enfraquecida mobilização popular, processo que vem sendo revertido com a participação e o engajamento desses novos moradores que, aos poucos, vem conquistando a confiança dos mais antigos.

V

Essa campanha busca recursos que possibilitem a estruração básica da feira, incluindo as barracas padronizadas para exposição, a construção de um pequeno espaço para armazenamento e  a aquisição de um veículo usado que possa contribuir para o transporte dos produtos da agricultura e do agroturismo, incluindo o artesanato, familiar local, incentivanto a participação de um maior número de atores nesse teatro vivo de interações e trocas, na construção de um viver solidário, saudável, includente e justo.

Ahoo!!!