Gerador de energia renovável a partir das ondas

Meu nome é Eliab Ricarte, sou pesquisador de pós-doutorado na COPPE / UFRJ e professor da disciplina de Energias Offshore, tanto no Brasil como fora dele. Tenho pós-doutorado na Universidade de Aalborg na Dinamarca na área de energias marinhas, um dos centros mais avançados no setor. Caso haja interesse você pode saber um pouco mais sobre o meu histórico nessa ciência acessando os links: https://www.linkedin.com/in/eliab-ricarte-795a777/ e http://lattes.cnpq.br/3890927016553206.

Em muitos encontros da comunidade de pesquisa científica sempre nos deparamos com empresas e instituições de fora do país querendo insistentemente nos vender suas tecnologias, boas, porém inadequadas ao litoral brasileiro. Depois de um episódio desses no ano de 2012 decidi desenvolver um conceito de dispositivo de aproveitamento da energia contida nas ondas do mar com tecnologia totalmente nacional e respeitando as nossas características climáticas e ambientais.

Desde então já orientei mais de vinte teses de doutorado, mestrado, pós-graduação lato sensu e graduação dedicadas ao dispositivo brasileiro, já realizamos quatro experimentos em modelos reduzidos em tanque de testes, já ganhamos prêmio de inovação e tudo isso nos levou a um maior grau de amadurecimento e gradativa confiança no nosso invento, comprovado cientificamente de forma analítica e experimental.

O resultado de cada estudo nos conduz a outra etapa onde estudos mais profundos ou comprovação real precisam ser demonstrados. Uma máquina de conversão de energia possui muitos subsistemas, cada um pertencente a uma área diferente da engenharia. Para se ter uma ideia da dimensão da pesquisa, ela envolve a engenharia oceânica, naval, mecânica, elétrica, eletrônica, civil, materiais, ambiental e logística, além do atendimento aos requisitos de proteção ambiental, sinalização de segurança e legislação vigente. Um verdadeiro projeto multidisciplinar onde temos que cuidar de cada área com a mesma dedicação e cuidado, pois faz parte do todo.

Com os recursos obtidos nesta campanha intencionamos projetar e confeccionar o sistema de geração elétrica em uma escala aproximada de 1:5, que consiste em um conjunto de engrenagens mecânicas que fazem a multiplicação da velocidade em que a onda se desenvolve para a velocidade necessária para que um gerador possa produzir eletricidade, da ordem de 1800 rotações por minuto. Fazendo uma comparação, é quase um trabalho de relojoaria em termos de precisão dos mecanismos. Igualmente, faremos o mesmo para um sistema bombas impulsionado pelas ondas, sem o uso de eletricidade. Motivo da nossa campanha para a qual estamos convidando-o a engajar-se. Não é só uma contribuição financeira, mas é um convite a entender o estamos fazendo e saber que você aprova.

Inicialmente faremos um modelo reduzido em resina com a utilização de uma impressora 3D e através de um processo iterativo refinaremos o sistema e seus componentes até a melhor solução física e operacional. Somente depois desses ajustes, será enviado para fabricação os componentes verdadeiros para posteriormente serem testados em laboratório sob condições de trabalho que exponha os mecanismos aos esforços, solicitações e comparação dos resultados operacionais àqueles projetos no computador.

Estamos trabalhando para que as gerações possam ter acesso a uma fonte de energia renovável e verdadeiramente limpa. Nosso cuidado ambiental vai ao ponto de utilizarmos materiais descartados pela indústria de petróleo e gás para não termos que promover o desgaste do planeta em novas escavações de minério, na utilização de mais energia para seu transporte e beneficiamento, na maioria esmagadora das etapas emitindo CO2 e outros gases de efeito estufa. Fazemos o reuso de materiais para a estrutura de sustentação da máquina no mar, atividade mais nobre que a reciclagem, pois a reciclagem usa energia para transformar o velho material em um novo. Nós, não, utilizamos o material no estado em que o recolhemos. Toda essa preocupação pode ser definida como “Pegadas de Carbono”, amplamente falada na mídia. Reduzimos em 50% as pegadas de carbono no dispositivo de conversão de energia das ondas, um diferencial mundial nosso ante qualquer outra máquina ou tecnologia de energia renovável. Não é demais isso? Utilizamos o “lixo” de uma indústria altamente poluente para gerar energia limpa e renovável?!

O planeta já possui diversas formas de energia e por que essa? Veja se vc concorda comigo:

1. A terra tem 2/3 de sua superfície coberta pelos oceanos. Por uma dedução lógica há de se supor que em 2/3 haja muito mais recursos, de toda natureza, do que em 1/3 de terras. Até a energia eólica que chega aos continentes é gerada e propagada no oceano;
2. As populações do planeta residem, em sua grande maioria, em uma faixa muito próxima à costa. Isso pode ser visto nas fotos da terra à noite a partir de satélites, onde vê-se a intensidade da luminosidade delineando o mapa dos continentes em uma faixa na costa e até não muito longe dela. Ou seja, as energias oceânicas estão muito próximas do consumidor;
3. O Brasil possui um litoral de dimensões continentais, aproximadamente 7.500 km de costa, com grande oferta energética de fonte verdadeiramente renovável. Um privilégio restrito a pouquíssimas nações;
4. Adicionalmente, o Brasil conquistou junto à ONU o direito a um mar territorial equivalente a metade do território brasileiro, meio Brasil dentro do mar. Espaço que pode usar e tem a obrigação de zelar. Toda atividade humana na terra, no espaço ou no mar requer energia.

Mas como gerar energia a partir das ondas? Vejamos de uma maneira muito simples. Todos nós já vimos por alguma mídia que a onda no mar tem um movimento oscilatório de sobe e desce. Essa onda é carregada de energia capaz até de impulsionar um surfista com sua prancha permitindo viajar sobre as águas.

Desenvolvemos uma boia para absorver essa dinâmica da onda, que através de um eixo, ou haste, transfere o movimento absorvido pela boia para um mecanismo de um gerador elétrico. Simples, não?

Agora..., que dimensões a máquina pode e deve ter?

Quanta energia é capaz de tirar?

Que material ou equipamento auxiliar devem ser utilizados?

Como garantir que nenhuma parte, componente ou o todo não quebre pela força da onda?

Como garantir que trabalhe em sincronia com a onda?

Que aparatos de controle e segurança devem ter?

Como instalar e como fixar no mar?

Como levar a eletricidade para a terra?

Como fazer tudo isso com respeito ao meio ambiente e cuidado ambiental?

Essas e muitas outras questões que passam na sua cabeça agora é exatamente o que fazemos, essa é a nossa tarefa que deve ser tratada de forma científica e responsável.

Agradecemos por sua contribuição.