Livro : O Teatro Selvagem

Eu desejo escrever um livro e expor e contar a trajetória de minha formação na arte e como criei o mecanismo de atuação que elaborei ao longo desses anos, o Teatro Selvagem.  

Escrever um livro sobre esses dois momentos de minha vida, antes e depois da descoberta do Teatro Selvagem, é falar sobre “acesso”; contar além da visão romanceada carregada de depoimentos e declarações de amor à profissão e de como “as pessoas” me “ajudaram” a “chegar lá” seria muito fácil. Não quero escrever sobre isso, sinto que não agrega nada e de nada pode servir para que gerações futuras possam entender como funciona, de verdade, a vida do artista que luta por acesso nos mecanismos estabelecidos, que busca a realização de um sonho de ser artista aliado aos ideais de vida e a contradição que a realidade impõe. 

Sem dúvida, não foi nada fácil passar por tudo que passei desde minha saída de Uberlândia com 50 reais no bolso e nenhum lugar para morar, mas com o ideal de participar de uma Cia de Teatro. Vivi episódios em que, muitas vezes, me vi em uma situação de abuso contra minha pessoa e, na dificuldade de acesso para se conseguir trabalho, muitas vezes me deparei com diretores abusadores que impunham uma moeda de troca elevada demais - se é que me entendem - e muitas vezes me defendi traumaticamente de comportamentos demasiadamente abusivos por parte de diretores conhecidos e aclamados pelo público e pela crítica... 

É preciso que meu relato emerja desde que minha pesquisa ganhou o âmbito de mentoria e atendimento à pulsão do outro pela via do transe; se faz necessário abrir o livro do exemplo e elucidar gerações futuras sobre o abuso sexual e psicológico contra o artista que busca acesso e sobrevivência na arte, e digo mais, isso ocorre ou já ocorreu dentro das Cias e grupos de grandes diretores, e foram muitas vezes, tenho dito, suprimido pelos próprios integrantes.  

Entendam, muitos artistas vendem a mentira de que são inclusivos e identitários, mas seus núcleos são repletos de ideologia de cancelamento e grupos de ódio mútuo. Desde que venho estudando Produção Cultural, e esse ano me graduo na mesma, vejo que todos os estudos em torno do tema têm total ligação com identidade, com acesso e ruptura de padrões.  

Com certeza a arte não resiste, não é viva sem isso, (a meu ver) ela apenas se torna anódina e contemplativa com seus aplausos simultâneos de eleitos e satisfeitos, ora isso é retrógrado; o mundo já não respira mais esse ar, finalmente.  

Escrever também, sobre minha relação com os jornalistas e minhas investidas por divulgação e tentativa de atingir o main stream cultural, para assim poder divulgar meu trabalho, e de como fui recebido pela crítica especializada, infelizmente muitas vezes fui achincalhado e cuspido de muitas redações. Falar disso para falar, dessas maldições e traições que percorreram minha trajetória que para muitos eu enlouqueci e para outros não passo de um bruto. Será a minha ode a Genet!  

UM CAMINHO PARA O LIVRO “O TEATRO SELVAGEM” 

São tantas palavras que podem para vir à tona que preciso me isolar para poder receber todas as informações mediúnicas do meu passado. Esse textão é pra contemplar minha vontade de abrir um financiamento coletivo para que eu possa mergulhar nesse mundo, escrever o livro e trazer de volta algumas considerações sobre “o que é ser artista de teatro no Brasil” em busca de acesso e espaço nesse mar vermelho que é o meio artístico teatral brasileiro; e, finalmente, desmitificar ou deixar um legado de possíveis defesas para a sensibilidade dos futuros filhos de Bakkhos que verão sem a máscara do véu de Maia/Hera crendo em deturpações.  

O mundo mudou e o Sr. Vixeno/Marte,  chega com uma nova visão do diferente e do inapreensível, lei de todas as coisas vivas e não vivas.  

Acredito que o mundo esteja num momento de uma energia única especial de todos, fortalecer um rizoma de identidadxs sem a sistêmica dos protetorados.  

Então, diga sim e me apoie nesta campanha, com ela finalizo a primeira e principal etapa. Valide o diferente, o não instituído, aquele que poucos acreditam; pois talvez nele esteja o exemplo de um caminho único, um caminho que você também pode fazer; e me apoiar, ir longe junto comigo, tenho certeza que minha história será para ti um grande exemplo de transformação.