Estudei na Rússia por anos e ao me formar em janeiro desse ano planejei meu retorno ao Brasil para 10/03. Fiz toda a documentação das minhas filhas, Marie e Amora, comprei a caixa de transporte que fosse suficiente para as duas e fiz a reserva diretamente com a Qatar Airways. No dia 10 já no aeroporto em Moscou, a atendente do guichê julgou a caixa de transporte pequena demais (não é, as medidas da caixa que tinha comprado são maiores que a minha cachorra maior, a Marie, em todos as dimensões. Implorei, nada. Uma moça russa ficou com dó da situação e tentou me ajudar, foi atrás de uma caixa de transporte maior que vendesse próximo ao aeroporto. Infelizmente só conseguimos uma que fosse entregar no próximo dia durante a manhã. Então decidi ali que iria remarcar minha passagem. Liguei no atendimento da Qatar airways e fui informada que para reagendar meu vôo teria que pagar a diferença no valor de +/-400.000 rublos, o que equivale a mais ou menos 20 mil reais. Daí veio o desespero pois eu não tinha esse dinheiro e se eu cancelasse meu vôo não sabia quando poderia sair da Rússia já que por conta da guerra, as opções de vôos estão limitadas e extremamente caras. Pedi ajuda então ao guichê para saber o que faria com minhas cachorras, se eu poderia deixar elas ali enquanto viria alguém da cidade onde eu morava pra buscar elas. Não. Se eu deixasse elas ali seriam soltas na rua. Detalhe que no dia que embarquei a temperatura em Moscou estava +/- 15 graus negativos Foram horas de desespero total, até que uma mulher que estava passando ali pois estava acompanhando o marido que havia retornado de viagem, me viu desabando e perguntou se eu precisava de ajuda. Expliquei pra ela a situação e ela se ofereceu a ficar com uma delas. Nesse momento disse ao guichê então que faria o check-in com uma de minhas cachorras. Fui então informada que não poderia mais levar nenhuma delas pois o check-in fecharia logo e não teriam mais tempo pra fazer o procedimento todo. Enquanto eu implorava a essa mulher, Natalya, para que ficasse com as duas e que se preciso eu mesma voltaria pra pegar elas, as atendentes do guichê me ignoravam enquanto eu pedia pra fazer o meu check-in porque eu não podia perder o vôo. Após gritos, fui atendida. A Natalya levou as minhas filhas pra casa. E eu embarquei numa viagem de mais de 20 horas sem conseguir acreditar no que havia acontecido. Agora, o motivo dessa vakinha. Uma colega que retorna ao Brasil em abril se prontificou a trazê-las em seu vôo. Porém as taxas são caras. Pela Turkish airways são 400 dólares por bichinho despachado, totalizando 800 dólares de taxas. Não tenho familiares a quem posso pedir ajuda, meu pai é de condição humilde e não tem condições de ajudar no momento. Não posso fazer empréstimo pois não trabalho. No momento estou tentando qualquer emprego já que não posso trabalhar na minha área ainda pois preciso passar pelo processo de revalidação do meu diploma. Se elas não vierem em abril não sei quando conseguirei trazê-las devido à situação atual na Rússia. Qualquer ajuda já é muita coisa. Marie e Amora têm cinco anos, as resgatei da rua quando eram filhotes, e durante esse tempo elas foram meu tudo na solidão da Rússia. Sem elas eu não consigo viver. No momento elas estão sendo cuidadas porém com a promessa de que virão pro Brasil em abril. Não sei o que acontecerá se eu não conseguir o dinheiro pra trazer elas.
Elas são meu mundo. Não são pets, bichinhos de estimação. São minhas filhas.
Pagamento da taxa de viagem cobrada pela cia aérea.