“Me avisa quando chegar” é o movimento de mulheres da UFRRJ, surgido em decorrência do aumento dos casos de violência – estupros e assédios – dentro do campus e na cidade de Seropédica. Sua organização foi motivada pela indignação em fase à insegurança e vulnerabilidade a que estamos sujeitas diariamente há anos, somado à denúncia de um caso de estupro ocorrido no início do primeiro semestre letivo de 2016, em uma festa de recepção dos calouros, envolvendo dois estudantes.
Diante da situação da vítima, da impunidade perante o agressor (mesmo em processo de investigação do caso) e do acúmulo de silenciamentos por parte da Reitoria, nosso movimento, com o apoio de vários coletivos da universidade, realizou o primeiro ato simbólico na madrugada do dia 30/03/2016. Na manhã desse dia, a UFRRJ acordou com seus muros e institutos clamando e denunciando a insegurança, o medo, os casos concretos de violência no campus e a omissão da Administração Superior.
Tal ação teve grande repercussão nas redes sociais, com críticas e posicionamentos contrários, mas, sobretudo, com mensagens de incentivo e adesão à causa. Assim, foi criada a página “Me avisa quando chegar” no Facebook (que já tem mais de 15 mil curtidas), e a campanha de mudança do avatar do perfil dessa rede social.
No dia 04/04 (segunda-feira), um número expressivo das mulheres ruralinas vestiram preto e batom vermelho, e seguiram em marcha do Restaurante Universitário até o Prédio da Reitoria, denunciando a situação e exigindo medidas urgentes. A partir de então, o movimento recebeu a adesão massiva por parte da comunidade acadêmica, conquistando uma visibilidade que extrapolaram “os muros” da universidade. Outras universidades, coletivos organizados, escolas secundaristas, artistas, políticos, além de vários jornais e canais midiáticos, noticiaram e emitiram notas de apoio ao movimento e à causa.
No dia seguinte, dia 05/04 (terça-feira), o Coletivo de Mulheres da Rural convocou uma Assembleia de Mulheres que mobilizou mais de 600 estudantes com a pauta única: Violência contra as mulheres e encaminhamentos. Nessa ocasião, para uma melhor organização das ações do movimento, criamos várias comissões que ficaram responsáveis por diferentes atividades: comunicação, segurança, intervenções, material didático-pedagógico, finanças, diálogo com a Reitoria, etc.
Logo após, no dia 06/04 (quarta-feira), as estudantes deram “um abraço” no Prédio Principal, pedindo, simbolicamente, que a universidade também nos abraçasse, pois gostamos de nossa universidade e precisamos de apoio, já não aguentamos mais e para mostrar que somos muitas e podemos abraçar não só a universidade como muito mais se essa violência continuar.
No dia 07/04 (quinta-feira), com o apoio da Atlética Central (atualmente o maior órgão estudantil em atividade), realizamos a Assembleia Geral dos Estudantes de carater extraordinário, no hall dos alojamentos estudantis masculinos, (local de várias denúncias de estupro), com objetivo de debater amplamente a situação e convidar os estudantes homens para apoiarem e participarem da nossa luta. Nessa ocasião, definimos propostas para a elaboração de um documento a ser encaminhado à Reitoria. Deste modo, esclarecemos que não somos contra a participação dos homens no movimento, pois sabemos que apesar do patriarcalismo e do machismo que impera em nossa sociedade, não se trata de uma luta de mulheres contra homens, mas de todos e todas unidos contra a violência de gênero e a opressão. Reiteramos, com isso, que precisamos do apoio de nossos colegas homens, mas que este movimento se trata de uma organização das mulheres, já que é sobre nossos corpos que se inscrevem essas dores, assim o protagonismo tem que ser nosso.
Por fim, queremos deixar claro que:
NOSSO OBJETIVO É DENUNCIAR O CRESCIMENTO DA VIOLÊNCIA, OS ASSÉDIO, OS ESTUPROS, A INSEGURANÇA NO CAMPUS, BEM COMO A OMISSÃO, SILENCIAMENTO E DESCASO DA ADMINISTRAÇÃO SUPERIOR PERANTE AOS FATOS. DENUNCIAR A BANALIZAÇÃO DO ESTUPRO E A IMPUNIDADE DOS AGRESSORES QUE CONTINUAM SUAS VIDAS LIVREMENTE E PROVAVELMENTE “TERÃO SEUS DIPLOMAS” ENQUANTO QUE AS VÍTIMAS, ASSUSTADAS E TRAUMATIZADAS, GERALMENTE ABANDONAM A UNIVERSIDADE E ABREM MÃO DE UM SONHO TÃO DIFÍCIL EM NOSSO PAÍS QUE É O DE CURSAR UMA UNIVERSIDADE E DE TER UMA PROFISSÃO.
Não queremos mais viver com medo, não queremos conviver com a possibilidade de “sermos a próxima”, não queremos nos sentir acuadas dentro do local que consideramos a nossa casa. Assim queremos: mais iluminação no campus (principalmente em locais de grande circulação, de entrada e saída do campus e ao redor dos alojamentos universitários); mais circulação do transporte interno – torná-lo circular e ir até os alojamentos da pós-graduação - e garantia do direito dos ônibus da Real Rio de entrar no campus – ser de fato entrada obrigatória e não ter que “pedir” mais para que o mesmo entre; mais pressão junto a prefeitura para que tenha mais atenção com a ciclovia; fortalecimento das guaritas existentes e treinamento dos guardas em como lidar com a situação; acolhimento e acompanhamento das vítimas por parte da universidade; acesso e mais transparência aos casos de violência cometido contra as estudantes da UFRRJ; mudança nos regimentos e código disciplinar na forma como lidar e punir os agressores; articulação da UFRRJ com a Prefeitura para exigir a criação de uma Delegacia da Mulher em Seropédica; Atuação junto ao Ministério da Educação e ao Ministério Publico exigindo a reabertura de concursos para a guarda universitária, em especial, guardas femininas, dentre outros.
O movimento Me Avisa Quando Chegar tem uma agenda de atividades para o mês de abril que passam por agitação, formação e organização das mulheres. Como próxima grande ação de luta, conclamamos o dia 27/04/2016 como um DIA DE LUTO pela vida das mulheres e pelo fim da violência. Pedimos o apoio da Reitoria, institutos e professores para a garantia que nesse dia a universidade toda PARE e reflita a triste situação, não havendo aulas nesse dia, somente ações de conscientização e de fortalecimento do movimento.
Nossa esperança é que um dia possamos andar sem medo, que não sejamos as culpadas pelos assédios, estupros e outras violências, que possamos ter uma vida com mais dignidade, que possamos ser ouvidas e respeitadas e que o machismo não impere em nossas sociedades!
Agradecemos o apoio de tod@s e convidamos tod@s a somar nessa luta, porque:
JUNT@S SOMOS FORTES E TRANFORMAMOS A REALIDADE!
É PELA VIDA DAS MULHERES, PELO RESPEITO AO NOSSO CORPO, AOS NOSSOS DIREITOS E PELA AMPLIAÇÃO DOS MESMOS!
NÃO DAREMOS NENHUM PASSO ATRÁS! MACHISTAS NÃO PASSARÃO! BASTA DE OPRESSÃO!
ATENÇÃO: O dinheiro arrecadado será direcionado para o movimento, infelizmente não temos apoio financeiro e temos que custear toda nossa movimentação a partir de doações ou dinheiro que nós mesmas propomos a investir; o que inclui material de luta, de intervenções e até mesmo locomoção para atos maiores. Nosso movimento alcançou uma visibilidade em âmbito nacional mas sabemos que com mais dinheiro podemos fazer mais.
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O que me motiva,na verdade é a vontade de retribuir ao mundo. Quem dera pudesse mais. Parabéns pela iniciativa!
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Se tivesse um milhão, eu dava! Salve o Botequim!
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Agradeço a Graça alcançada em 04 de junho de 2011
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Acredito que por muitas vezes, Deus nos coloca anjos aqui na terra, para nos ajudar quando for preciso. Seja assim, anjo na vida das pessoas. Torço por você e por suas conquistas. Grande beijo. Ana Beltrame.
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Muito obrigada pelo seu apoio, Fabiola!
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Oi Ana Cecília, muito obrigada pelo apoio! Reservamos este livro para você ("Tipos de perturbação"). Pode vir buscar! um abraço.
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