Mestrado em Direitos Humanos UMINHO Braga - PT

Quando eu era criança, meu pai costumava brincar comigo ao perguntar o que você quer ser quando crescer? E ai eu sempre dizia: “Pai eu vou me formar em Direito e vou lhe dá muito orgulho"... Ele sorria e dizia (em tom de brincadeira): "filha você não consegue fazer esquerdo quanto mais direito! Faça algo mais fácil”! Confesso que até o ensino médio odiava estudar, mas a minha mãe sempre me cobrou e ensinou que sem estudo nunca seria ninguém...  E eis que as palavras do meu pai acabaram ecoando como uma grande caça ao tesouro: “formar-me em Direito". 

A vida foi passando e percorri um longo caminho. Fiz Turismo, Administração de Empresas (ganhei uma bolsa do PROUNI),  mesmo não querendo, pois era uma oportunidade e aprendi que oportunidade é sempre única e não se pode desperdiçar.  Além disso, cresci muito profissionalmente, pois fiz amigos, senti-me com dignidade, já que eu trabalhava e pagava as minhas contas. Até que aquele espírito de caça ao Tesouro despertou em mim novamente e consegui fazer a Faculdade de Direito  pelo FIES. Larguei o emprego em que estava, ganhava bem, para estudar novamente e quem sabe arrumar um estágio. Enquanto meus amigos já estavam casando, tendo filhos, eu me preocupava em dá um novo salto na minha vida. Foi quando soube que poderia fazer pós-graduação em Direito, mesmo sem ter terminado a faculdade, porque eu já tinha outras formações. Então terminei a pós-graduação em Direito Civil e Processo Civil ainda cursando a graduação em Direito. 

Desde que comecei a minha vida acadêmica eu trabalhava, ou mesmo, estagiava. Sempre gostei de trabalhar em empresas privada me sentia bem, pois sentia que poderia inovar agregar valor e fazer diferença aonde quer que eu estivesse. Infelizmente, demorei a perceber que eu trabalhava muito e que o salário não era compatível com os meus esforços, estudos e dedicação. E eis que decidi: não vou mais se escravo de ninguém da rede privada, vou estudar só para concurso público, que embora não seja perfeito, pelo menos terei estabilidade e uma condição financeira digna que me permita fazer as coisas que gosto e em que acredito. 

Outro fato pertinente é que quando estava perto de terminar a faculdade de Direito fiz a OAB, mesmo não querendo Advogar, e com a graça de Deus e de pessoas maravilhosas consegui passar de primeira. Iniciei outra pós-graduação numa área que amo, Direito do Trabalho e Processo do Trabalho. Consegui fazê-la graças a Deus e a alguns profissionais incríveis que me ajudaram e ainda me ajudam. Fiquei feliz por mais uma conquista. Meus planos estavam traçados e continuei focada em concursos. Posteriormente, no decorrer dos meses, muitos me perguntaram: Você já passou em alguma coisa? E eu respondia: depende... rsrs. O que você entende por passar? Para eu passar  tenho que ser nomeada e isso ainda  eu não fui, não obstante, meu nome já tenha saído por diversas vezes no DOU. 

Eis que a crise política, econômica e social se espalhou e eu não poderia ficar só estudando, levando em consideração que eu já era advogada. Comecei advogar em parceria e ainda faço. Não vou dizer que não gosto, mas é bem difícil, pois têm meses que não recebo nada. Diante de tal situação, comecei a ficar um pouco angustiada e saí colocando meu currículo em tudo que é escritório e também em outras áreas de formação.  Apesar de achar uma humilhação os valores pagos pelos escritórios, no máximo R$ 2.000,00, aceitaria, caso aparecesse. Só que nada apareceu e percebi como a categoria de classe é desunida e vaidosa. Nesse tempo não parei de estudar, só que a falta de dinheiro e de paciência estava me tirando o sono. Não conseguia mais ficar dependendo dos outros. A pessoa sem trabalho não tem dignidade, vida, pelo menos me sinto assim. 

Diante de tal situação, caótica, pensei o seguinte: vou fazer um mestrado no exterior e continuar focada nos meus concursos porque aí só volto ao Brasil concursado e terei minha dignidade de Pessoa Humana de volta.  .

A busca pelo "tesouro" escondido voltou, na verdade, nunca deixei de buscar meu tesouro que é o conhecimento. É infinita a busca por ele e talvez seja isso que me motiva a correr atrás de meus objetivos. 

Nos últimos meses, tenho empenhado todos os esforços em passar no mestrado da Universidade fabulosa que é a do MINHO em Braga-PT.  Ao ver a ementa do curso de Direitos Humanos fiquei pasma com tamanha qualidade.  Aí pensei, não tenho dúvida é o que eu quero e, quanto mais eu leio sobre estudar em Portugal, mais cresce meu apreço pelo país e suas instituições de ensino.

 Lá também tem um centro de investigação que é um dos melhores da Europa. Sem falar nas parcerias com os Organismos Internacionais e as bolsas para um futuro Doutorado, juntamente com intercâmbios para outros países.  .

Outro fato pertinente é que faço parte de vários grupos de Whatsapp para pessoas que querem morar em Portugal e uma das grandes preocupações dos brasileiros que estão indo é o preço da moradia, pois geralmente pede-se 3 a 6 meses de aluguéis adiantados. Sendo assim, pensei: ah meu Deus! Isso não é para mim. Eu não tenho nem dinheiro em real quanto mais em euro... kkkk. Só que um belo dia, resolvi falar com uma moça que estava disponibilizando quartos para estudantes pelo airbnb, só que estavam caríssimos, fora totalmente da minha realidade. Contei toda minha situação e foi aí que ela disse olha Jakline tem uma senhora que aluga quartos para estudantes ( mulheres ) por vários meses e os valores são bem em conta. Então falei com esta senhora que é um anjo na minha vida e fechamos. Detalhe: ela mora em um dos melhores bairros de Braga, perto da Universidade, e é conhecido como um dos bairros mais caros e é bem frequentado. Ela cobrou um valor irrisório que no Estado em que atualmente resido (Pernambuco) não daria nem para alugar um barraco. 

 No ano de 2016 tinha acabado de sair do estágio e estava com pouquíssimo dinheiro só que eu me lembrei de que meu passaporte estava vencendo e disse pra mim mesma vou fazer um investimento... ri alto.  Pensei, que investimento sua louca? Você não tem nada que dirá investir em algo? Fui e renovei o passaporte.  Outro fato interessante foi que em um belo dia fui a uma livraria e vi um livro que me encantou profundamente com o seguinte tema: Dumping Social me apaixonei pelo tema.    E este foi o tema do meu artigo na conclusão do curso de Direito o que tem tudo haver com Direitos Humanos.  Recentemente, enviei um e-mail para Universidade perguntando se havia uma linha de investigação sobre o Tema "Dumping Social" e eles disseram que ainda não, mas que havia amado a possibilidade de ser explorado tal tema. E que se eu fosse aprovada na Universidade poderia ingressar como investigadora. 

 Em seguida, encontrei uma candidata no grupo de whatsap que me falou sobre a possibilidade de arrecadar fundos para o mestrado e assim fiquei encantada com a ideia. A universidade é excelente só que é particular e os custos anuais chegam a R$5.0000,00 (cinco mil) reais. O mestrado tem duração de 2 anos o que totaliza 10.00000 (dez mil reais). 

Acredito que eu esteja, mais uma vez, seguindo as pistas que me levarão ao meu tesouro escondido. Porque talvez o fim do meu arco-íris seja na Universidade do MINHO. E o meu tesouro talvez seja as experiências e o conhecimento que irei adquirir com esta oportunidade. E é por isso que penso merecer a ajuda daqueles que acreditam não só na minha história, mas que o Conhecimento sempre fez e fará a diferença. Eu sempre me dedico às tarefas que me são dadas, sejam simples coisas do cotidiano, sejam as atividades acadêmicas. Porque, por mais difícil que algo seja de decifrar, eu nunca desisto de tentar. Preciso da ajuda de cada um para conseguir dar continuidade à minha busca e encontrar meu tesouro na Universidade do Minho. Afinal, todos os caminhos me levam Á "Portugal".