Projeto Som da Calçada

Vamos  promover o empoderamento das mulheres em situação de rua juntxs?!

Meu nome é Mafá Santos, sou graduanda no curso de Gênero e Diversidade da Universidade Federal da Bahia e estagiaria da equipe POP RUA da Defensoria Pública do Estado da Bahia. O projeto Som da Calçada que apresento a vocês é uma iniciativa a partir do meu contato com a População em Situação de Rua desde o inicio de 2014 e ferramenta para promoção da dignidade humana que integra os principios da Defensoria Pública.

O que é o Projeto?

A principio me apresentei à Defensoria Pública apenas para cumprir o estagio supervisionado, sem muitas escolhas, pois não era essa área que me identificava. A proposta do Núcleo Pop Rua (Equipe de dentro da Defensoria Pública da Bahia que faz atendimento jurídico e psicossocial a população em situação de rua) era descobrir o porquê as mulheres em situação de rua não acessavam a Defensoria. Começamos com visitas as casas de acolhimento institucional e ao vivenciar essa experiência tive a sensação de impotência porque estas mulheres não se encontravam nessa situação por escolha, existem vários fatores alheios a elas que influenciavam na ida para as ruas, como a violência doméstica, desemprego, imigração de outros estados em busca de oportunidades profissionais e a vivencia de parte de sua vida em orfanatos que após o desligamento não possuíam condições suficientes para se inserir na sociedade.  Por mais que seja difícil de acreditar, o número de mulheres que estão nas ruas por conta do uso de substancias psicoativas são irrelevantes. Percebi que elas eram cidadãs e nós nunca as víamos dessa forma, pois há um estigma de que estão na rua apenas pelo uso problemático de substancias psicoativas.

 A partir de então comecei a ver que elas demonstravam interesse em sair dessa situação, mas não encontram muitas opções. Quando fiz o relatório observei que existem muitas necessidades, mas tudo é muito burocrático e não há dinheiro suficiente para executar projetos que supram essas necessidades, é uma população que tem carência de tudo. Percebemos também que as maiores demandas das mulheres são de saúde, violência do companheiro e moradia. Eu não sabia de que forma poderia ajudar sem passar pelo cansativo processo burocrático e esperar 2, 3 anos ou mais para colocar em prática, porque a Defensoria poderia construir um projeto de um centro de saúde itinerante voltado a mulheres e crianças, mas não seria possível fazer nada tão especifico, pensou-se em uma casa de passagem, mas a parte burocrática é ainda maior, se tornando um projeto em longo prazo. E foi aí que pensei em criar um projeto que envolvesse a arte (que é de fato minha área de atuação) junto com as demandas encontradas nesse processo, é uma forma lúdica e que nos daria um resultado proveitoso que não irá resolver todos os problemas, mas com certeza irá amenizar alguns deles.

O projeto consiste em aulas de teatro, música, artes plásticas e diálogos sobre saúde da mulher, gênero e empreendedorismo, visando promover o empoderamento das mulheres em situação de rua através da arte. Este trabalho será executado por uma equipe com oficineiros de diversas graduações como artes plásticas, Estudos de Gênero, Teatro e música tendo a duração de 6 meses. O fruto desse projeto será um grupo de mulheres que possam colocar em práticas os conhecimentos adquiridos.

Desenvolveremos oficinas de construção de instrumentos musicais percussivos com material reciclado a ex: papelão, como podemos vê a seguir:

Por que apoiar o projeto Som da Calçada?!

A população em situação de rua configura um grupo heterogêneo que possuem em comum a pobreza extrema e a quebra dos vínculos familiares. A este grupo são negados ou precarizados todos os direitos fundamentais, tais como saúde, educação, trabalho, assistência social e lazer. Dentro dessa realidade encontram-se as mulheres, que são caracterizadas como um dos seguimentos mais vulneráveis da sociedade, sendo tal situação, reflexo da estrutura histórica androcêntrica e consequentemente da assimetria entre gêneros. A disparidade nas relações de gênero se materializa na dependência e submissão da mulher ao parceiro, seja para obter proteção contra possíveis violências praticadas por outras pessoas como agressões físicas e ate abuso sexual, ou por violências da mesma natureza executadas por seus próprios companheiros mantendo-as em situação complexa de sobrevivência, sendo essas algumas das situações mais vivenciadas pela maioria das mulheres em situação de rua.

Vocês devem estar pensando o porquê a Defensoria Pública do Estado da Bahia não arca com as despesas do Som da Calçada. O pequeno orçamento que a Defensoria possui não da conta de apoiar projetos que transborde a fronteira de assuntos internos. A prioridade por conta de pouca verba acaba sendo dividida com os fins da Defensoria, como capacitação de funcionárixs, estagiárixs, despesas da Escola Superior e materiais para seu funcionamento, então só podem apoiar com coisas que não precise de dinheiro diretamente, como recursos materiais(carro,telefone),minha bolsa(já que faço parte do quadro funcional) e divulgação.

De acordo com as problemáticas experênciadas pelas mulheres em situação de vulnerabilidade social, objetivamos através das oficinas contribuir na vida das mulheres do Movimento População de Rua, de forma a promover empoderamento, ampliar horizontes e construir um plano de vida que possibilite cessar as violências e violações vivenciadas.

Orçamento

Quando apresentei a proposta para as mulheres do Movimento População de Rua as mesmas ficaram muito felizes em poder participar, mas existiam algumas questões que impediriam a sua participação efetiva, pois por estarem distante do centro onde funciona o movimento, elas necessitam de transporte e alimentação, sem contar com as oficinas que demandam material para o funcionamento. Desde então venho tentando encontrar apoio de secretarias, empresas privadas e pessoas da sociedade civil que possa ajudar de alguma forma a tornar a vontade em realidade e colocar sorriso no rosto dessas mulheres.

Como apoiar o projeto?

Nesse processo conheci dona Julia, vejo nela felicidade, vontade e desejo. Desde o inicio ela queria participar do projeto, queria viver tudo isso, tornando-se a mola propulsora para que fizesse esse projeto, elas queriam de fato. Dona Julia esta disposta a pegar quatro ônibus contando com a camaradagem dos motoristas para participar desse novo mundo.

Para tanto...

Com a quantia de 5.026,46 conseguimos a realização das oficinas;

Com a quantia de 12.386,46 conseguimos a realização das oficinas+ alimentação+ transportes.

Com a quantia de 15.810,46 garante a realização do projeto em sua totalidade, incluindo os materiais como camisa e o acompanhamento de dois oficineiros para administrar o resultado do projeto,pois não basta só fazer é preciso ampliar os horizontes e está presente nessa nova caminhada que proporcionamos!

Como resultado do projeto vislumbro um grupo de mulheres onde podemos dialogar sobre suas vivencias, expectativas, conflitos e de alguma forma fazer com que pense diferente e vejam que é possível uma mudança, é possível e existem pessoas que acreditam nessa mudança, assim como nessas mulheres.

Dona Julia, a esquerda.

E então, vamos apoiar? Escolhendo a melhor forma de contribuir para o projeto, ganha uma recompensa e ainda dá um presente a Dona Julia!

Essa sou eu, Mafá Santos que vos fala.