Cice faz um trabalho incrível com o projeto EuMeAmo, que ajuda a recuperar a autoestima de mulheres em tratamento, agora é a nossa hora de retribuir todo esse amor! Confiram a matéria do Jornal da Cidade de Bauru que conta a história de Cice!
"A vida é feita de surpresas. Boas e boas... Pensar positivo diante de uma situação aflitiva pode ajudar na cura. Pensar negativo não ajuda em nada, então o caminho é pensar positivo e acreditar que a ‘beleza cura’." Essa é a filosofia adotada pela maquiadora Cice Hiromi Dalla Ru, 36 anos, que começou 2014 com a confirmação de um câncer no seio esquerdo. Diante da dificuldade, ela se alimentou de energias positivas e criou uma Fanpage “Eumeamo”. A autoestima cura e ajuda as mulheres com autoestima baixa a se embelezar e enfrentar a doença de cabeça erguida.
O sucesso da página na rede social é fácil de entender, segundo a sua criadora. Depois da quimioterapia o doente não tem vontade de ver e nem de fazer muitas coisas, se sente sugado fisicamente. Nesses momentos difíceis o computador ou mesmo o celular pode ser um bom aliado. O acesso à página pode ser um conforto, um apoio, uma força a mais.
A Fanpage traz de maneira objetiva e positiva, todos os passos enfrentados pela maquiadora na busca da cura. Em foto quase diária, Cice mostra como é possível enfrentar os momentos mais difíceis, como o pós químio, compartilhando mensagens, fotos e filosofias. “Procuro mostrar de forma mais amena como foi ficar careca,” diz.
Um aliado no exercício diário de lutar, Cice adotou o livro “O Código Divino da Vida” de Kazuo Murakami, um dos profissionais que participaram do projeto genoma. E ela explica por-que? “Ele é um médico japonês que está estudando o código genético de cada ser humano. A forma como o pensamento positivo influi sobre cada célula sobre cada gene do seu corpo é uma das abordagens.”
No estudo de Murakami, segundo a maquiadora, cada célula tem uma mente. “Que temos que direcionar o nosso pensamento a essa mente das células. Temos que jogar informações positivas. Agradecer essas células por desempenharem o papel que lhes foi atribuído na mama. Assim, de acordo com a tese, a células vão trabalhar o que tem que ser trabalhado na mama e a favor do corpo. Estou agradecendo essas células. Acredito que isso vai ajudar muitas mulheres, por isso tem que ser divulgado,” diz Cice.
Nisso, a maquiadora tem razão. Dados do Instituto do Câncer de São Paulo apontam que 52% dos pacientes do Icesp são do sexo feminino. Dessas mulheres, 28% têm diagnóstico de câncer de mama e aproximadamente 22% apresentam tumores em órgãos digestivos. A neoplasia da mama continua sendo a principal vilã dentro e fora do instituto. No Brasil, segundo o Inca, corresponde a 22% dos novos casos de tumores por ano. No Icesp, o grupo de mastologia realiza mais de 1,2 mil atendimentos por mês, entre consultas médicas e cirurgias.
Chorar só por três dias, relembra Cice
|
 |
Cice Hiromi quando teve que cortar o cabelo para químio |
Foi durante o banho que Cice Hiromi Ru percebeu o nódulo na mama esquerda, em novembro de 2013. Em janeiro veio a confirmação seguida de três dias de choro. “Foi muito difícil receber a notícia no câncer. Eu estava com minha mãe no consultório. Chegando a casa corri para o meu quarto e chorei, desabei. Minha mãe entrou no quarto e disse que era para eu chorar, mas que iríamos sair juntas da situação. No terceiro dia decidimos sentar e traçar metas,” lembra.
Mãe e filha resolveram ajudar as pessoas que passam pelo mesmo problema. “Ela disse chorar é comum entre aqueles que recebem essa notícia. Vamos fazer diferente. Temos de acreditar, ver o lado positivo. Comentei com uma amiga e com ela decidimos iniciar o movimento, a Fanpage.”
Cice e sua mãe decidiram tentar levantar a autoestima das mulheres também na sala de espera da quimioterapia. “O clima é pesado. A psicóloga entra na sala conosco e conversa com todos aqueles que vão receber o tratamento. Eu e minha mãe fizemos cerca de 40 origamis de Tsuru com mensagens de saúde e entregamos. Nem todos estão a fim de receber a mensagem, estão muito para baixo. Nós fazemos a nossa parte. Na última vez entreguei cartões para acessarem a Fanpage.”
A página tem conseguido dar apoio a muita gente. Há casos que a pessoa se fecha para os familiares e amigos e consegue desabafar no inbox (caixa de mensagem privada do Facebook). “Recebo muitas mensagens deste tipo. A pessoa confessa suas dificuldades, seu drama. É muito bacana poder ajudar, especialmente quem não pode contar com a família. No meu caso conto com esse apoio total.” A maquiadora pretende, mesmo depois de superar a doença, continuar com o Fanpage. “Estou lutando em várias vertentes para chegar à cura. Depois de ficar bem, vou continuar ajudando as pessoas que forem surpreendidas com a doença.”
Cabelo é a moldura do rosto
Cabeleireiro há 50 anos o salão Sebastião & Luzia fazem a tarefa de casa quando o assunto é peruca. Prestam assistências, recebem doação e encaminham à Associação Bauruense de Combate ao Câncer.
“Eu recebo cabelo de alguns salões de Bauru e região. Mando fazer as perucas e doo para a associação. Qualquer tipo de cabelo pode ser doado. A pessoa recebe na hora uma peruca para doar para a associação. O cabelo é uma moldura do rosto. A mulher quando perde o cabelo perde um pouco da sensibilidade dela.”
O cabeleireiro lembra que atendeu recentemente uma mulher que ficou três meses fechada no quarto quando começou a cair o cabelo. “Ela veio aqui e não quis se ver careca. Raspei a cabeça dela e coloquei uma peruca. Ela saiu daqui outra pessoa. A peruca da uma esperança de vida para a mulher que enfrenta a quimioterapia.”
Entusiasmado com a possibilidade de ajudar, o cabeleireiro lança uma ideia. “Tem muita gente que quer doar o cabelo e não sabe como. A associação pode receber o cabelo e me encaminhar que eu mando confeccionar a peruca para serem doadas ou emprestadas. Depois quando a pessoa se cura, leva de volta para que outra pessoa possa ser beneficiada. Mensalmente lavamos e arrumamos uma média de 10 perucas encaminhadas pela associação. “Eu faço esse trabalho com o coração.”
Fiquei careca
O primeiro mês do ano estava no fim quando Cice Hiromi Ru enfrentou a 1ª aplicação de quimioterapia. “Eu estava em meu quarto com o cabelo amarrado quando o elástico afrouxou e eu fui amarar o cabelo novamente. Nesse momento eu puxei o cabelo e um punhado deles ficou em minha mão. Foi horrível. Caiu a ficha nessa hora. O médico tinha me avisado, mas foi uma sensação muito estranha. De repente perder o cabelo e as sobrancelhas. Consegui relembra da meta... vou ajudar outras pessoas que estão passando por isso.”
A mãe da maquiadora entrou no quarto e juntas elas decidiram que Cice iria raspar a cabeça. “Minha mãe me falou: os cabelos estão indo embora e com ele tudo o que há de ruim. Eles nascem de novo. Fui procurar o Sebastião& Luzia no dia seguinte.” No salão do casal cabeleireiro uma surpresa. “Ele raspou meu cabelo e me ofereceu duas perucas. O meu cabelo vai virar uma peruca para alguém que como eu está em tratamento com quimioterapia. Não deu tempo de ficar triste, logo me vi com outro cabelo. A peruca me dá segurança. Com o lenço ou chapéu as pessoas nos olham diferente.”
Um novo rosto
A maquiagem é um recurso que disfarça imperfeições do rosto e um item que pode ajudar as mulheres a aumentar a autoestima. Se sentir bonita é tudo o que elas querem. Pensando nisso, a maquiadora resolveu usar suas habilidades para ajudar as pessoas que como ela atravessam momentos difíceis fisicamente.
“Eu vi um vídeo francês e me inspirei. Lá, eles levam os pacientes de câncer para um dia em que aprendem a cuidar da maquiagem e do cabelo. É emocionante, mostra a reação das pessoas no momento que elas se veem maquiadas e com cabelo produzido. Conversando com uma amiga, percebemos que isso estava diretamente ligado a autoestima e a cura. Estando com o seu emocional saudável, você consegue fazer com que as células ruins trabalhem no sentido da cura.”
Cice decidiu postar um vídeo orientando as pessoas a usarem a maquiagem a seu favor. “Isso incentiva as pessoas a adotarem uma postura em relação ao câncer. Se não fazemos nada para se sentir melhor, vamos entrar no negativo.”
Um ‘banco’ de perucas
A Associação Bauruense de Combate ao Câncer tem um programa permanente de empréstimo de perucas, de vários modelos e cores para amenizar a situação das mulheres que sofrem com a quimioterapia. São 60 perucas que podem ser emprestadas, segundo a assistente social da entidade Gilséia Person Peres.
“É um suporte importante ao tratamento. Muitas mulheres temem ficar carecas. Com a peruca elas aceitam mais a situação. O suporte psicológico é importante nesse momento.”, diz.