Publicação do livro Anos 70 Bahia

Vertigem é o que não falta no livro Anos 70 Bahia, com o resgate das histórias e imagens de uma década marcada pelo vigor anárquico e criativo de artistas consagrados e expoentes da contracultura emergente, carimbando a Bahia como fonte, raiz e coração das expressões multiculturais que espocaram no país em pleno auge da repressão. 

As centelhas da página Anos 70 Bahia reacenderam, na comunidade de 2,5 mil seguidores no Facebook, brasas adormecidas que se alastraram em postagens sobre a década marcada por uma constelação de artistas, intelectuais, rebeldes, músicos, místicos, hippies, revolucionários e tantas outras figuras geniais que habitaram os anos 70.

Sim, nos 70 a cena baiana transbordava de artistas do calibre de Jorge Amado, Dorival Caymmi, Gláuber Rocha, Carlos Bastos, Carybé, Mário Cravo, Calasans Neto, João Ubaldo, além do time que frequentava a praia tropicalista: Caetano, Gil, Gal, Tom Zé, Bethânia, Novos Baianos e, ainda, baianos outros que aportaram no centro-sul, como João Gilberto, e voltavam sempre que podiam. Por aqui passaram Janis Joplin, a dupla Stone Mick Jagger e Keith Richards, Tom Jobim, Roman Polanski, Denis Hoper, Mercedes Soza, Robert de Niro, Michael Douglas, Cat Stevens... E o que dizer do panteão formado por Mãe Menininha, Olga de Alaketu, Camafeu de Oxossi, Batatinha, Riachão e tantas mais afrobaianidades? Está tudo lá nas páginas de Anos 70 Bahia, em depoimentos testemunhais.

Ante a calorosa repercussão das postagens na página Anos 70 Bahia, veio por gravidade a ideia de escrever um livro on-line, episódio a episódio, com participação ativa dos colaboradores e seguidores da página, alçados a co-autores, tendo como ancoragem os relatos e imagens colhidos em livros, mídias, depoimentos autobiográficos e postagens que fluíram em enxurrada. Os episódios foram editados no blog www.anos70ba.blogspot.com antes de serem reagrupados em capítulos no livro Anos 70 Bahia.

Idealizado e organizado pelo criador midiático e ativista cultural Sérgio Siqueira e pelo escritor e jornalista Lula Afonso, o livro foi escrito online, episódio a episódio, no período de três meses, tendo como plataforma o Facebook e a inestimável adesão de mais de 200 autores-parceiros. 

Embarcamos, enfim, nessa viagem para contar as histórias por demais conhecidas e, em especial, aquelas ainda não relatadas de um tempo em que a Bahia era a “terra prometida” no imaginário hedonista e cultural do país e do planeta. O resultado é mais que um painel pulsante dos anos de ouro da cultura baiana. A abrangência, pluralidade e veracidade das narrativas cobrem lacunas indispensáveis à exposição contemporânea e se credenciam como uma autobiografia coletiva da geração que “saiu de casa” para transformar o mundo.