“A tortura só pode existir graças ao silêncio » (Juiz Serge Portelli, Association Primo Levi, Paris)
Em 2014, as jornalistas Leneide Duarte-Plon e Clarisse Meireles lançaram o livro "Um homem torturado - nos passos de Frei Tito de Alencar", publicado no Brasil pela Civilização Brasileira, finalista do Prêmio Jabuti em 2015 na categoria Reportagem e Documentário.
Em 2019, obtivemos um acordo de edição do livro pela Éditions Karthala, de Paris, cidade onde Frei Tito viveu exilado antes de se mudar para a região de Lyon, onde se suicidou em 1974.
A editora não poderá arcar com os custos da tradução. Por isso, recorremos ao financiamento coletivo para remunerar a tradução do texto do português para o francês e a revisão.
A importância de levar a história de Frei Tito para o mundo hoje
O Brasil vive hoje um momento de grande fragilidade democrática e acelerado processo de perda de direitos: após o golpe jurídico-parlamentar de 2016, que destituiu a presidenta eleita Dilma Rousseff sem crime, o país acaba de eleger o presidente Jair Bolsonaro, que promete intensificar os ataques aos direitos dos trabalhadores e enfraquecer proteções sociais no país. O presidente é um ardoroso entusiasta da ditadura militar (1964-1985) e seu ídolo é um torturador condenado, o coronel Brilhante Ustra.
Mais do que nunca, é preciso que o mundo conheça este período da história, ainda pouco estudado e debatido inclusive internamente, o que possibilitou a eleição de um entusiasta dos crimes contra a humanidade cometidos pelo estado brasileiro, como reconhecido pelo relatório final da Comissão Nacional da Verdade em 2014.
Trecho do prefácio de Vladimir Safatle para “Um homem torturado - nos passos de Frei Tito de Alencar”
“Ao narrar a história de frei Tito a partir de um estudo exaustivo, Leneide e Clarisse fazem, no entanto, mais do que a reconstrução de processos históricos. Em certo momento, elas se lembram desta afirmação feita por um torturador a Tito: “Se não falar, será quebrado por dentro, pois sabemos fazer as coisas sem deixar marcas visíveis.” Na verdade, tal frase sintetizava de maneira precisa a natureza da violência e da máquina criminosa produzida pela ditadura brasileira. “Fazer as coisas sem deixar marcas visíveis”, ou seja, tirar as marcas da violência da visibilidade pública, apagá-la e, com ela, apagar as histórias que tal violência destruiu. a ditadura brasileira foi, até agora, bem-sucedida nessa sua empreitada e graças a tal sucesso ela conseguiu, de certa forma, nunca ter terminado. Neste contexto de invisibilidade e esquecimento forçado, o uso da memória é um ato político maior, pois impede que o tempo possa extorquir reconciliações meramente formais. Contra o silêncio, ele coloca novamente em circulação as descrições minuciosas, feitas por Tito, de sua própria tortura”.
"Um homem torturado - nos passos de Frei Tito de Alencar", uma reportagem biográfica
Para reconstituir a vida de Frei Tito de Alencar Lima, as autoras realizaram dezenas de entrevistas e diversas viagens. Entrevistaram o psiquiatra e psicanalista francês Jean-Claude Rolland, que tratou dele no último ano de vida. Todos os frades dominicanos que conviveram com ele em Paris e no convento de l’Arbresle, perto do qual se suicidou, foram entrevistados para o livro. Os frades que conviveram com Tito no convento das Perdizes também foram ouvidos, com exceção dos que não quiseram falar.
Além deles, entrevistaram Nildes de Alencar Lima, a irmã que o criou, amigos e ex-guerrilheiros que, de uma forma ou de outra, tinham informações importantes para reconstituir a história de Frei Tito.
O livro conta a história de um homem e sua época.
"Elaborar sem trégua este trabalho de verdade e de história é exigência que não acaba. Precisamos desmarcarar as conveniências e denunciar as cumplicidades - no mínimo, a covardia - que colaboraram para infernizar e tirar a vida de militantes, irmãos, companheiros que sonhavam com outro país e outro mundo possível, e os destinaram às catacumbas e à morte. Precisamos escutar, resgatar e honrar com justiça as vozes abafadas e os sonhos dos resistentes e lutadores", Xavier Plassat, frei dominicano francês, que foi amigo próximo de Frei Tito e vive no Brasil desde meados da década de 1980.
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